Transtorno Bipolar em Crianças: Sintomas, Diagnóstico e a Importância do Apoio Familiar
Quando fui diagnosticado pensei bastante sobre o assunto e ao repassar todo o sofrimento e desespero que passei na vida por causa de sofrer do Transtorno Bipolar, eu decidi que não deveria mais ter filhos. Meu filho mais velho tem comportamentos que me são muito familiares, mas ele não aceita ir à um psiquiatra para ser diagnosticado e convive aos trancos e barrancos com suas alterações de humor. Ele já não bebe mais e isto já é um grande avanço.
Minha filha do meio também sabe que não tem nada de normalidade na vida dela, mas como vai a vários médicos diferentes e a distância entre as consultas são de mais ou menos um ano entre elas, também ainda não recebeu nenhum diagnóstico concreto. Já o meu filho mais novo pode ser chamado de o portador de TDAH “puro sangue”, já que todos os sintomas do transtorno nele são evidentes demais e em uma intensidade absurda.
É ele que vive comigo e que me contém nos momentos difíceis e eu retribuo da mesma maneira. Cuido dele com o mesmo cuidado que tinha na adolescência e foi diagnosticado. A diretora da escola me ameaçou dizendo que se eu não o levasse à um profissional, me encaminharia para o Conselho Tutelar, pois ele não deixava ninguém assistir às aulas em que ele participava. Eu o levei à dois profissionais e ambos fecharam o diagnóstico com exatidão e certeza.
Não, eu não quero mais ter a responsabilidade de botar no mundo mais uma criança problemática. Tem algo muito errado com o meu código genético e quero que isso seja interrompido, pelo menos da minha parte. E sim, crianças podem desenvolver transtornos desde pequeno, eu sou testemunha e prova disso. Mas para escrever este post eu tenho a responsabilidade de buscar material que embase o que eu digo. Falar sem evidências ou provas é o mesmo que emitir uma opinião de maneira irresponsável, então o que se segue daqui pra frente é o que eu encontrei em minhas pesquisas sobre o assunto.
O Espectro do Transtorno Bipolar na Infância: Uma Análise Profunda
O Eco do Passado: A Influência da Hereditariedade
Quando a gente fala em Transtorno Bipolar, não dá pra fingir que o fator genético não existe. A ciência tem mostrado de forma consistente que a hereditariedade pesa bastante no desenvolvimento do transtorno. Estudos apontam que ele é mais comum em pais biológicos de crianças bipolares do que em pais de crianças adotivas com a mesma condição [1]. Isso indica uma forte ligação genética, um verdadeiro “eco do passado” atravessando gerações. Mas calma: essa predisposição não é uma sentença. Fatores ambientais, como o estresse, também podem disparar episódios nas crianças [2]. É como se a genética preparasse o terreno e o ambiente decidisse se vai ou não plantar ali, veja.
Os Desafios do Diagnóstico: Navegando por um Mar de Incertezas
Diagnosticar o Transtorno Bipolar em crianças é complicado até para profissionais experientes. Afinal, oscilações de humor fazem parte da infância e isso pode esconder os sinais do transtorno, tornando a separação entre o “normal” e o patológico um nó difícil de desfazer. Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento Médico, apesar de oscilações serem comuns nessa fase da vida, no Transtorno Bipolar os humores são muito mais intensos, chegando a durar semanas ou até meses [2]. E o diagnóstico em crianças pequenas é ainda mais controverso. Antigamente, irritabilidade intensa era logo rotulada como Bipolaridade, mas a visão atual tende a ajustar para Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor [2]. Meio confuso, correto?
Desvendando o Transtorno Bipolar Infantil: Sinais, Diagnóstico e Comorbidades
Entender o Transtorno Bipolar em crianças exige atenção ao detalhe. Muitas vezes os sinais se escondem atrás de comportamentos que parecem só coisa de criança. É quase um quebra-cabeça: cada sintoma, cada relato, cada reação tem seu papel na construção de um diagnóstico confiável e de um tratamento eficiente.
Os Sinais Silenciosos: Como o Transtorno Bipolar se Manifesta em Crianças
Os sintomas em crianças podem se apresentar de forma bem diferente do que vemos em adultos. Em muitos casos, o primeiro sinal é um episódio de depressão [2]. Já em fases maníacas, a criança pode ficar eufórica ou bem irritada, falar mais do que o normal, ter pensamentos acelerados e uma autoestima inflada, acreditando ter talentos acima do comum [2]. Durante os episódios depressivos, aparecem tristeza intensa, perda de interesse nas coisas que davam prazer, lentidão no pensamento e até excesso de sono [2]. Vale lembrar que, fora das crises, a criança pode parecer totalmente normal — e isso complica ainda mais o diagnóstico, veja bem.
A Complexidade do Diagnóstico: Diferenciando o Bipolar de Outros Transtornos
Fazer diagnóstico diferencial é um dos maiores desafios para os profissionais. Muitos sintomas do Transtorno Bipolar se misturam a outros quadros comuns na infância, como o TDAH. Uma criança em fase maníaca pode ser extremamente ativa — mas até aí, isso também pode ser TDAH. A diferença chave está nas alterações de humor intensas e episódicas, que são típicas da Bipolaridade e não do TDAH [2]. E tem mais: comorbidades são frequentes, como ansiedade ou transtorno desafiador opositivo, o que deixa o quadro ainda mais embaralhado [3]. Dá trabalho separar tudo isso, né?
Caminhos para o Cuidado: Tratamento, Prognóstico e a Importância do Apoio Familiar
Receber o diagnóstico na infância assusta. Não só a criança, mas toda a família sente. Só que esse momento não precisa ser encarado como fim de linha, e sim como o início de uma caminhada de cuidado, entendimento e superação. Com o tratamento certo e o suporte necessário, dá para viver bem e de forma plena.
Intervenções Eficazes: Abordagens Terapêuticas para o Transtorno Bipolar Infantil
O tratamento costuma ser multimodal, ou seja, combina medicamentos e psicoterapia. Os estabilizadores de humor, como o lítio e alguns anticonvulsivantes, são a base da parte medicamentosa — eles ajudam a controlar os episódios e evitar que os sintomas voltem [2]. Em certos momentos, antidepressivos podem ser adicionados ao tratamento para lidar com episódios depressivos. Mas, vale lembrar: usar antidepressivo sozinho não é recomendado, porque pode desencadear uma fase maníaca [2]. Já a psicoterapia tem peso enorme, tanto para a criança quanto para a família. Ela ajuda todos a entender melhor o transtorno, criar estratégias de enfrentamento e melhorar a forma de se comunicar e se relacionar [2]. Faz diferença, não é?
O Futuro em Perspectiva: Prognóstico e a Força da Rede de Apoio
O prognóstico varia bastante. Fatores como idade de início, intensidade dos sintomas, presença de outras condições e, principalmente, adesão ao tratamento influenciam muito [2]. Segundo especialistas, diagnóstico e cuidados precoces são decisivos para melhorar o futuro da criança e evitar complicações. Nesse processo, a rede de apoio é fundamental: família, amigos, professores e profissionais de saúde formam a base para que a criança se sinta acolhida e segura. É essa rede que vai dar motivação, suporte e compreensão para que ela consiga desenvolver todo o seu potencial, veja.
Escrever sobre isso, para mim, é uma forma de transformar dor em propósito. É a maneira mais clara de dizer a outras famílias que elas não estão sozinhas. Porque existe esperança. Com informação, tratamento adequado e apoio, é possível florescer mesmo diante de tantos desafios. Se essa leitura fez sentido para você, se trouxe dúvidas ou vontade de dividir sua experiência, escreva um comentário. Vamos conversar, nos apoiar e criar juntos uma rede de acolhimento.
Referências:
[1] Transtorno bipolar: fatores genéticos e ambientais. Disponível em: https://convergenceseditorial.com.br/index.php/enfermagembrasil/article/download/97/185/528
[2] Transtorno bipolar em crianças e adolescentes - Problemas de saúde infantil - Manual MSD Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-da-sa%C3%BAde-mental-em-crian%C3%A7as-e-adolescentes/transtorno-bipolar-em-crian%C3%A7as-e-adolescentes
[3] Transtorno afetivo bipolar na infância e na adolescência. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbp/a/GQ8NxfmrVfdBhyH5W3P7GBc/?format=html&lang=pt