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Bipolaridade: Sinais e Sintomas |
Como Eu Descobri Que Era Transtorno Bipolar — E Não Só Uma Fase Difícil
Quando parar com as drogas não resolveu tudo
A primeira vez que senti que alguma coisa continuava errada foi quando parei com as drogas. Achei que, ficando limpo, os problemas sumiriam com o tempo. Só que não foi isso que aconteceu. As crises, as mudanças de humor, a confusão mental... tudo continuava lá. Eu me perguntava: “será que isso ainda é abstinência? Ou tem mais coisa por trás?”
Foi aí que decidi ir atrás de respostas. Comecei a prestar atenção em mim mesmo. Em como meu humor oscilava do nada. Tinha dias em que eu acordava como se pudesse conquistar o mundo. Em outros, mal conseguia sair da cama. O que mais me assustava era não entender por que isso acontecia. Já tinha parado de usar. Então por que continuava me sentindo tão instável?
Comecei a pesquisar na internet. Busquei por termos como “mudança de humor repentina”, “tristeza e depois euforia”, “não conseguir dormir e pensar demais”... E, no meio de tantos textos, li algo que parecia descrever exatamente o que eu vivia: Transtorno Bipolar.
Na hora, me senti aliviado e assustado ao mesmo tempo. Porque, de alguma forma, fazia sentido. Mas também me deu medo. Será que era isso mesmo?
Entender a bipolaridade mudou minha forma de me ver
Não é só ser instável ou "difícil de lidar"
Durante muito tempo, achei que eu era apenas uma pessoa complicada. Já ouvi de gente próxima: “Você muda do nada!”, “Você era tão animado ontem, hoje parece outra pessoa”. E é verdade, só que eu mesmo não sabia o porquê.
A bipolaridade não é frescura nem um rótulo da moda. É uma condição real que bagunça o jeito como a gente sente, age e pensa. Quem vive isso, sabe que não é só questão de humor. É como se você fosse puxado para extremos — e isso cansa demais.
Tem a fase da mania, quando tudo parece estar no volume máximo. A mente corre, o corpo não cansa, você fala demais, faz planos malucos, gasta o que não tem e acha que está tudo sob controle. Aí, do nada, chega a depressão, como se tudo o que você fez antes não fizesse mais sentido. É como se você perdesse o chão.
E essas fases não duram minutos, como muita gente pensa. Podem durar dias, semanas. Às vezes a gente nem percebe que está entrando nelas.
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Como eu comecei a perceber que não era só uma fase
Foi difícil aceitar que talvez eu tivesse uma doença. Mas quando comecei a juntar os pontos, algumas coisas ficaram claras:
- Dormia muito pouco, mas mesmo assim me sentia elétrico.
- Tinha mil ideias por minuto, e tudo parecia urgente.
- Falava demais, às vezes atropelando as pessoas sem perceber.
- Sentia que estava por cima do mundo... até que, de repente, me sentia a pior pessoa do planeta.
- Chorava do nada, me trancava no quarto, sentia culpa por tudo.
- Perdia amizades por agir impulsivamente e depois me arrepender.
Essas idas e vindas me destruíam por dentro. E o pior: eu não conseguia explicar para ninguém o que estava acontecendo.
Chegar ao diagnóstico foi como acender a luz num quarto escuro
Por que é tão difícil saber que é bipolar sem ajuda médica?
A verdade é que a gente cresce ouvindo que sentir tristeza ou se empolgar demais é normal. E, de fato, todos têm altos e baixos. Mas no Transtorno Bipolar isso acontece de forma intensa e descontrolada.
Muita gente passa anos sem saber o que tem, porque os sintomas se confundem com outras coisas: depressão, ansiedade, estresse, ou até TDAH. No meu caso, por ter usado drogas, tudo parecia culpa disso. Só que não era só isso. A raiz do problema era outra.
Eu precisei ouvir um profissional dizer: “Você apresenta sinais claros de bipolaridade tipo 1” para começar a entender. E, olha... por mais difícil que seja ouvir isso, foi libertador.
Procurar ajuda foi o passo mais difícil — mas o mais necessário
É normal ter medo de procurar um psiquiatra. Eu tive. Tive vergonha, pensei que iam me julgar. Mas depois percebi: o julgamento maior era o que eu mesmo fazia comigo. Me culpar por algo que eu não escolhi.
Com ajuda médica, passei a entender meus ciclos. Aprendi sobre medicação, psicoterapia, e sobre como o sono, a alimentação e até o café influenciam meu humor. Descobri que dá pra viver bem. Não perfeito. Mas bem.
E quando é com alguém que a gente ama?
Se você está aqui porque desconfia que alguém próximo possa ter bipolaridade, quero te pedir uma coisa: tenha empatia.
É comum a pessoa negar que está doente. Eu mesmo neguei no começo. Achava que dava conta sozinho. Mas a verdade é que, sem apoio, tudo fica mais difícil.
Não diga frases como “isso é drama” ou “é só querer melhorar”. Isso machuca. Diga: “Tô com você”, “Vamos buscar ajuda juntos?”. Às vezes, só isso já abre uma porta que estava fechada.
O que mudou depois do diagnóstico — e o que ainda preciso cuidar
Depois que entendi o que era bipolaridade, muita coisa começou a se encaixar. Parei de me odiar por não conseguir ser constante. Passei a me observar mais. Comecei a conversar mais honestamente com as pessoas. E principalmente: parei de me auto sabotar.
Ainda tenho recaídas. Às vezes esqueço que tenho limites. Mas agora sei que há um nome para o que eu sinto. E isso faz toda diferença.
O mais bonito disso tudo? Foi descobrir que pedir ajuda não me fez fraco. Me fez humano.
Considerações finais: se você está em dúvida, escute seu coração — e procure ajuda
Se você leu até aqui, pode ser porque se identificou, ou porque quer ajudar alguém. De qualquer forma, saiba: não está sozinho.
A bipolaridade assusta, sim. Mas tem tratamento, tem controle, tem vida depois do diagnóstico. Não é fácil, mas é possível.
Não tire conclusões sozinho. Um artigo como esse pode abrir sua mente, mas quem pode confirmar ou não o diagnóstico é o psiquiatra. E quanto antes você souber, mais cedo começa a cuidar.
Leve a sério seus sentimentos. Eles estão te dizendo algo.