Transtorno Bipolar: Auto Cuidado e Responsabilidade


Minha Opinião Bipolar: A Vida Como Ela É

A Realidade Crua de Viver com Transtorno Bipolar

Sabe, a solidão e o isolamento são velhos conhecidos meus. Quase como amigos inseparáveis, eles me acompanham há muito tempo. Eu vejo por aí um monte de blogs e sites que falam sobre o Transtorno Bipolar, e a maioria deles parece um conto de fadas, só mostrando vitórias e superações. Como se, de repente, a vida de quem tem transtorno bipolar virasse um mar de rosas só de seguir algumas dicas. Eu mesmo já dei algumas dessas dicas, e sim, elas podem ajudar, mas a verdade é que a vida real, a nossa vida, é bem mais complexa e cheia de nuances.

O Montanha-Russa do Transtorno Bipolar: Desafios e Aquelas Verdades que Ninguém Gosta de Falar

Na vida de verdade, aquela que a gente vive todo dia, nem sempre as sugestões funcionam. É como tentar encaixar uma peça redonda num buraco quadrado. É inevitável que a gente passe por momentos bem difíceis, com fases de uma tristeza que parece não ter fim (a depressão), momentos de uma energia que nos tira do chão e nos deixa irritados (a hipomania), que roubam nosso sono, e depois, bum, a gente volta para a tristeza de novo. Não existe uma fórmula mágica, um truque secreto para o Transtorno Bipolar. Nossos remédios não são "poções mágicas" que a gente toma e, em segundos, todos os problemas desaparecem. Pelo contrário, na minha própria jornada, aprendi que a gente precisa ter esperança, sim, mas sem criar aquelas expectativas que voam alto demais e acabam caindo. Porque quando o que a gente espera não acontece, a frustração é um prato cheio para começar um novo ciclo de altos e baixos. É um desafio e tanto, mas é a nossa realidade.

Entendendo os Remédios: A Ciência por Trás do Nosso Cuidado

Os remédios para o transtorno bipolar, tirando aqueles de "S.O.S." que o médico receita para uma emergência, geralmente levam semanas para começar a fazer efeito. É um teste de paciência, sabe? Eles trabalham devagar, equilibrando o humor e nos ajudando a ficar mais estáveis. A boa notícia é que a ciência tem estudado muito o transtorno bipolar e criado tratamentos que realmente funcionam. É fundamental entender que o tratamento é uma jornada contínua e que envolve várias coisas, não só os remédios. É um conjunto de cuidados que nos ajuda a viver melhor.

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O Que Nos Tira do Eixo e Por Que Se Conhecer é a Chave

Às vezes, coisas do dia a dia, as mais simples, podem nos pegar de surpresa e nos empurrar para um lugar escuro. Uma discussão boba com alguém que a gente ama, um jeito atravessado que nos tratam no trabalho, ou até mesmo aqueles pensamentos ruins e de baixa autoestima que insistem em encher nossa cabeça. Como já contei em outro texto, eu tive problemas com drogas e hoje participo das reuniões de Narcóticos Anônimos. Lá, aprendi algo que levo para a minha vida e para o meu tratamento, e que acho que é o melhor jeito de começar a se cuidar: encarar os problemas de frente, sem fugir.

Aceitar a Nossa Realidade e Construir uma Vida Que Vale a Pena

Em Narcóticos Anônimos, a gente aprende que quanto mais rápido a gente encara nossos problemas na sociedade, no dia a dia, mais rápido a gente se sente parte, aceito. Isso nos ajuda a ver nossas dificuldades do jeito que elas realmente são, sem maquiagem. Por isso, se você veio parar neste blog esperando encontrar coisas muito "espirituais" ou dicas que prometem "quase te curar", sinto dizer, mas você está no lugar errado. Aqui, eu divido o que aprendi com a minha própria realidade, com o meu Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) tipo 2. Dá para viver bem? Sim, dá. Mas não o tempo todo, e isso é importante de aceitar.

Sempre teremos momentos muito difíceis, e precisamos aceitar essa realidade, por mais dura que ela seja, porque a nossa vida depende disso. Isso quer dizer que seremos infelizes para sempre? De jeito nenhum! É totalmente possível viver uma vida plena, cheia de significado, mas sempre dentro das nossas limitações. A gente tem uma doença que não tem cura, que mexe com o nosso humor. E dependendo do tipo – se é tipo 1, tipo 2 ou ciclotímico – a gente pode ter tendências a ser um perigo para nós mesmos ou para as pessoas que estão ao nosso redor, inclusive para quem a gente mais ama. É uma responsabilidade grande, mas que a gente precisa abraçar.

A Sua Parte no Tratamento: Uma Responsabilidade Que É Só Sua

Por isso, termino este texto com uma verdade que carrego comigo: mesmo com todo o apoio de quem a gente ama, de um parente que se preocupa de verdade, a maior responsabilidade com o nosso tratamento, com o que nos afeta e com as nossas mudanças rápidas de humor, sempre será nossa. É por isso que temos o dever de aprender mais sobre o Transtorno Bipolar do que as pessoas que nos cercam. É um conhecimento que nos empodera.

Conclusão: Viver com Bipolaridade – Uma Jornada Que Não Para

A Dificuldade de Diagnosticar e a Importância de Seguir o Tratamento

Descobrir o transtorno bipolar pode ser um quebra-cabeça, porque os sintomas são danadinhos e podem se parecer com os de outros problemas de saúde mental, tipo a depressão ou a ansiedade [1]. E quando o diagnóstico demora para chegar, o tratamento certo também atrasa, o que acaba afetando a nossa vida. Mas depois que a gente sabe o que tem, seguir o tratamento é fundamental. Vários estudos mostram que não tomar os remédios é uma das principais razões para a gente ter recaídas e precisar ir para o hospital [2].

É bom deixar claro: os remédios para o transtorno bipolar não são uma "cura" mágica, mas sim ferramentas que nos ajudam a manter o humor no lugar e a evitar aquelas crises de euforia ou tristeza profunda. O tratamento com remédios é a base, mas não é a única coisa. A terapia, por exemplo, é super importante para nos ajudar a lidar com a doença, a aprender a enfrentar os problemas, a reconhecer o que nos afeta e a melhorar nossos relacionamentos [3]. É um apoio e tanto!

A Força da Psicoeducação e do Autocuidado

A psicoeducação é uma ferramenta poderosa, quase um superpoder, no tratamento do transtorno bipolar. Ela serve para ensinar a gente e a nossa família sobre a doença: os sintomas, como ela funciona, as opções de tratamento e por que é tão importante seguir tudo à risca. Com a psicoeducação, a gente aprende a perceber os sinais de que uma nova crise está chegando, a controlar o estresse e a ter hábitos saudáveis que ajudam a manter o humor estável [4].

O autocuidado, como eu já disse, é essencial. É como cuidar de uma plantinha que precisa de atenção constante. Dormir sempre no mesmo horário, comer bem, fazer exercícios e evitar drogas e álcool são coisas que fazem uma diferença enorme para quem tem transtorno bipolar. A minha experiência em Narcóticos Anônimos, que eu contei, mostra bem como é importante encarar a realidade e participar ativamente do nosso próprio tratamento. O autocuidado não é um luxo, é uma necessidade para a gente que vive com essa condição [5].

Os Desafios e a Esperança no Futuro

Mesmo com tudo o que já se sabe sobre o transtorno bipolar e seus tratamentos, ainda temos muitos desafios pela frente. O preconceito com a doença, a dificuldade de conseguir atendimento de saúde mental de qualidade e o fato de que cada caso é único tornam a nossa jornada ainda mais difícil. Mas a ciência não para! Ela continua pesquisando, buscando novos tratamentos e melhorando os que já existem. A esperança está em continuar aprendendo e em espalhar informações certas e humanas sobre o transtorno bipolar. Juntos, podemos fazer a diferença.

Referências

[1] Transtorno bipolar e os desafios para o diagnóstico e tratamento [2] TRANSTORNO BIPOLAR: DIAGNÓSTICO, TRATAMENTOS E DESAFIOS CLÍNICOS
[3] Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar
[4] Melhorando o desfecho do transtorno bipolar usando estratégias não farmacológicas: o papel da psicoeducação
[5] Estratégias de Autocuidado para Pessoas com Transtorno Bipolar

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